Um passeio por Montevidéu

Navegando pelo Rio de la Plata do Oceano Atlântico para o continente, o 6° monte de leste a oeste está situado na capital uruguaia: Monte VI De Este a Oeste. E é dessa primeira forma de localização, escrita pelos primeiros navegantes que lá chegaram, que vem o nome da cidade: Montevideo (em português, Montevidéu). Com ares de Europa e um raro clima tranquilo de interior, a capital do Uruguai cabe em um feriado prolongado ou até mesmo em um fim de semana.

A tranquilidade da cidade pode ser sentida ao se observar os moradores passeando pelos extensos calçadões que acompanham o Rio de la Plata (as Ramblas) ou sentados nos parques e bancos tomando chimarrão e conversando. É estranho, também, notar que boa parte das casas não tem cerca e, as que têm, não possuem cercas elétricas (dentre todos os passeios que fiz, reparei apenas em duas que tinham esse apetrecho tão essencial para nós, aqui no Brasil).

Para aproveitar melhor o clima da cidade, reserve um tempinho para passear pelas Ramblas, com amplas calçadas para pedestres e ciclistas e vista para o rio. Aqui há várias áreas de descanso e pequenos mirantes, excelentes para tirar fotos, curtir o pôr do Sol ou, simplesmente, relaxar no melhor estilo uruguaio. Você verá moradores correndo, passeando com seus cães e famílias, andando tranquilos e aproveitando o dia. É na Rambla República del Perú, no bairro de Pocitos, que fica o letreiro de Montevidéu, com 15 metros de comprimento e 2 de altura, ótimo para fotos.



A Plaza Independencia, principal ponto turístico da cidade, é cercada de importantes construções: o Palacio Salvo, de 1928; o Teatro Solis, de 1856; a Torre Executiva (mais nova, sede do Poder Executivo) e o Palácio Estévez (que era a antiga sede do Executivo, até 2006). Junto à praça está também a Puerta de la Ciudadela, a única parte que foi mantida do antigo muro de construção militar de 1742, que protegia a Ciudad Vieja, principal parte histórica da cidade.



O Palacio Salvo foi considerado, por anos, o maior edifício da América do Sul. Inaugurado em 1928, o Palacio tem 95m de altura e 27 andares. Infelizmente ele não é aberto para visitação, mas vale belas fotos de sua fachada. Esse é o cartão postal da cidade!



O Teatro Solis, inaugurado em 1856, era o ponto mais alto da cidade. Em seu topo está um farol, que era aceso nos dias de espetáculos, para avisar a toda a cidade. Mesmo sem poder ser visto por toda a Montevidéu, até hoje a luz é acesa, mantendo a tradição. É aqui, na esquina do teatro, que está o mais caro restaurante da cidade: o Rara Avis.

O Teatro tem visitas guiadas para conhecer seu belo interior, mas pode-se também aproveitar uma das apresentações de música e teatro para admirar a obra arquitetônica e, também, a arte local. As visitas guiadas ocorrem às terças e quintas às 16h e às quartas, sextas e domingos às 11h, 12h e 16h. Aos sábados há um horário a mais para as visitas, às 13h.

No centro da praça está uma grande estátua de José Artigas, militar uruguaio que iniciou o processo de independência do país, montado em um cavalo. Descendo as escadas que levam para baixo da estátua está o mausoléu com os restos mortais de Artigas, que era maçon. Nessa praça – e também espalhado por vários pontos da cidade – encontramos simbologias maçônicas, muito presentes em Montevidéu. Aqui foram plantadas 33 palmeiras – número que representa o mais alto grau de hierarquia da maçonaria.



Próxima à praça, adentrando pela Ciudad Vieja, está a Plaza Constituición, a mais antiga da capital, onde foi jurada a Primeira Constituição do Uruguai, em 1812. Aqui ocorrem feiras de artesanato e de antiguidades, com várias barraquinhas expondo para os passantes. É em frente a essa praça, também, que fica a belíssima Igreja Matriz, a Catedral Metropolitana de Montevidéu. A Catedral foi inaugurada em 1804 e, em sua entrada, podemos ver o mapa da cidade na época de sua fundação, com o muro ao redor.



Ainda na Cidade Velha, na Rambla 25 de Agosto de 1825, está o Mercado del Puerto, um pequeno mercado que vende produtos típicos e conta com várias opções de restaurantes. Aqui os amantes de churrasco provam a típica parrillada uruguaia, com bifes gigantescos acompanhados de vinho ou cerveja gelada. Uma curiosidade: no Uruguai não se usa carvão para assar as carnes, e sim lenha. Como nosso excelente guia, Raimundo, nos informou, as lenhas são de alguns tipos específicos de árvore, e são elas que dão o sabor especial ao assado. O mercado foi erguido em 1868 com estruturas de ferro e possui 14 restaurantes servindo carnes e frutos do mar.

Começando na Plaza Independencia, na esquina do Palacio Salvo, está uma das principais avenidas comerciais da cidade (com marcas internacionais e, também, lojas de mercadorias locais, para todos os gostos e bolsos), a Av. 18 de Julio. Ao longo dela estão algumas praças menores, como a Plaza de los Treinta y Tres Orientales (novamente o número maçon!) e a Columna de la Paz, um obelisco que representa o marco zero da cidade – é a partir dele que são medidas as distâncias.

A um quarteirão e meio do obelisco há uma fonte cheia de cadeados em suas grades: a Fonte dos Cadeados. Acredita-se que os casais que colocam um cadeado aqui ficarão juntos para sempre. Dois quarteirões à frente, virando à direita, está o edifício da Intendência Municipal de Montevidéu, um belo prédio todo de tijolos, com uma rua passando por debaixo e uma vista deslumbrante lá de cima, no terraço com vista de 360° da cidade.



Seguindo a Av. 18 de Julio até o fim, chegamos ao Obelisco de la Constituyentes e, um pouco mais adiante, ao Parque Batlle, que tem pista de atletismo, velódromo, o Monumento La Carreta (uma homenagem ao tradicional meio de transporte do campo e declarada Monumento Histórico em 1976) e o famoso Estadio Centenario. O estádio foi construído para sediar a primeira Copa do Mundo, em 1930, e possui um museu do futebol em seu interior.



Há também o Mercado Agrícola de Montevidéu, que teve sua reinauguração em 2013, após 8 anos de reformas. O lugar encanta tanto pela arquitetura (em vidro, madeira e ferro) quanto pela oferta de produtos alimentícios típicos e gourmets, flores, serviços e ofertas culturais. Além dos estandes de frutas, verduras, bebidas e temperos, há vários restaurantes (e, inclusive, uma ótima cervejaria artesanal, a Mastra) para que os visitantes saiam de lá muito bem satisfeitos!



Perto do Mercado Agrícola fica o Palácio Legislativo da cidade, um incrível edifício de mármore, lindo, lindo. É uma das construções mais belas e imponentes da cidade – e bota imponente nisso -, rica em detalhes e construída na época áurea uruguaia, quando o país era considerado a “Suíça das Américas”. Foram mais ou menos 17 anos para terminar sua construção, inaugurada em 1925. No prédio há 52 tonalidades de mármore nacional, mosaicos produzidos em Veneza, bronze e vitrais da Itália, lâminas de ouro do Peru e madeira europeia. Incrível!

Punta del Este e outros balneários pelo caminho

No Uruguai, o país está dividido em departamientos (os nossos Estados). São 19 e, os mais visitados são o departamento de Montevideo (onde está a capital, de mesmo nome), e o departamento de Maldonado, onde estão os balneários mais visitados no verão. É nele que está Punta del Este, o balneário mais turístico e um dos mais belos do país.

Punta del Este está localizado na junção do Rio de la Plata com o Oceano Atlântico. O movimento aqui é basicamente de turistas – os uruguaios preferem os balneários mais vazios, como os de Piriápolis e Atlântida – e, fora da alta temporada, a cidade fica praticamente vazia, com vários hotéis e lojas fechados. No período mais cheio, entretanto, o lugar se ilumina de vida e proporciona muitas atrações, festas, restaurantes e acomodações de primeira.



Na Pazoleta Gran Bretaña está a Punta de Las Salinas, onde encontramos a âncora do navio Ajax, que participou da histórica batalha do Rio de la Plata em 1939. É aqui que ficou estabelecido o limite entre o Rio de la Plata e o Oceano Atlântico. Na Playa Brava está o famoso Monumento de los Dedos ou Monumento al Ahogado, escultura de 5 dedos parcialmente enterrados nas areias da praia.



Localizada a 8km do porto de Punta, de frente para as praias oceânicas, fica a Isla de Lobos, uma ilha onde vivem mais de 200.000 lobos marinhos. Há diversos passeios que vão do porto à ilha, para quem quer ver de perto esses lindos animais, tirar fotos ou até nadar com eles.

Nos bairros residenciais, como Beverly Hills, estão as maiores mansões da cidade, onde vários famosos mantêm suas casas de praia – incluindo Roberto Carlos e a família Grandene, donos da maior residência do bairro.

Saindo de Punta del Este em direção a La Barra (outro balneário da região), está a bela Ponte Leonel Viera, criada em 1965 com um desenho único em forma e estilo: a ponte é ondulada. Em 1999, para facilitar o trânsito e evitar os acidentes que motoristas alcoolizados provocavam, a ponte foi duplicada. A diversão aqui, além de tirar fotos, é acelerar um pouco o carro e se sentir em uma montanha russa!



Na volta de Punta del Este (ou em um outro dia, se preferirem), vale a pena passar na Casapueblo, em Punta Ballena, para apreciar o fim do dia em uma construção singular criada pelo artista uruguaio Carlos Paez Vilaró. Esse é um dos mais emblemáticos edifícios do país, e aqui cada pôr do Sol é uma verdadeira cerimônia mística.



Falando em misticismo, o Uruguai está muito ligado à alquimia. Aqui há vários pontos energéticos que foram descobertos pelos alquimistas, como o presente no Castillo Pittamiglio, em Las Flores. Localizado na Ruta 71, o pequeno castelo foi construído na década de 50 pelo arquiteto e alquimista Humberto Pittamiglio, que compartilhava das crenças místicas, dos centros de energia e do uso de simbolismos. A construção abriga um jardim interior e, próximo à entrada da casa, há uma fonte de energia de cor roxa que corre do teto, somente possível de se observar com alguns tipos de lentes de câmera. Por sorte, entre nosso grupo uma das lentes deu resultado! É muito interessante, realmente, ver os feixes de luz roxa saindo do teto, bem paralelas umas às outras, e somente visíveis pelo visor da câmera, mas é uma pena que não sai quando batemos a foto.



Piriápolis, um dos balneários preferidos dos uruguaios, tem uma área de mais de 25km de litoral com várias praias. A área foi fundada em 1890 por outro alquimista, professor de Humberto Pittamiglio, chamado Francisco Piria, inspirado pelos grandes spas europeus da Belle Époque. O local é rodeado por montanhas, florestas e praias, e também ficou conhecido por seus caminhos místicos (como o Caminho da Cabala e o Alquimista Interior), e atrai pessoas em busca de meditação ou de alguma conexão com os sítios energéticos. Uma das colinas que circundam o balneário é Cerro del Toro, que tem, no caminho para o cume, uma estátua de ferro em tamanho real de um touro, de 3.000kg. Da boca do touro cai uma fonte de água mineral, proveniente da nascente que brota no morro.



Um dos pontos característicos de Piriápolis é o Cerro San António, de onde se tem uma incrível vista para Punta del Este e para a própria Piriápolis, claro. No caminho que sobe o morro, de forma helicoidal, há a imagem da Nossa Senhora Stella Maris, padroeira da cidade. E, ao fim do caminho, no topo do morro, encontramos uma Capela de Santo Antônio, algumas lojinhas de lembranças e um pequeno restaurante. Há também uma linha de teleféricos levando do porto de Piriápolis ao topo do morro, para quem quiser.



Esperamos que tenham gostado das dicas e que visitem esses lugares deliciosos. Montevidéu cabe em poucos dias, mas a vontade que dá é de estender a estadia… ô, se dá!

No link a seguir você encontra um mapa com todos os pontos em negrito do texto, confiram: https://www.google.com/maps/d/edit?mid=zEy-ozVdcu-8.kLlRnlHjINz4&usp=sharing

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